A verdade sobre Abuso Sexual Infantil Diante dessa triste urgente realidade “Um em cada três crianças no Brasil é abusada sexualmente até os 18 anos de idade”. A maioria dos abusadores são parentes próximos, que convivem diariamente com o menino ou menina.
O abuso sexual pode se manifestar de muitas formas. A abrangência de comportamentos que um agressor pode apresentar é grande, e inclui beijos sensuais, toques ou carícias inapropriadas nos genitais da criança, seios ou nádegas, masturbação de uma criança, contato oral-genital, contato genital-genital, penetração com dedos e criança prostituição. O abuso sexual é responsável por 9,2% de todos os tipos de abuso infantil, após negligência, abuso físico e outros tipos indefinidos de maus-tratos.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 37% dos casos de abuso infantil, o criminoso é da família – em 81,6% das situações, são homens.
A violência sexual é velada, obscura e travestida de medo, vergonha e tabus. Muitas crianças nem conseguem compreender que são vítimas de um crime. Até porque, vale reforçar, o abusador costuma ter a sua confiança. Assim, ele se aproveita sem que ninguém no entorno perceba nada
18 de maio é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, data determinada oficialmente pela Lei 9.970/2000, em memória à menina Araceli Crespo, de 08 anos de idade, que foi sequestrada, violentada e assassinada em 18 de maio de 1973. Portanto, o Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes incentiva que em todo o Brasil sejam realizadas ações que visem alertar toda a sociedade sobre a necessidade da prevenção à violência sexual.
Diariamente crianças e adolescentes são expostos a diversas formas de violência nos diversos ambientes por eles frequentados. Dessa forma, a família, a sociedade e o poder público, devem ser envolvidos na discussão e nas atividades propostas em relação à prevenção ao abuso e exploração sexual, alertando principalmente que as vítimas, em sua grande maioria, não têm a percepção do que é o abuso sexual.
A violência sexual de crianças e adolescentes pode ocorrer em várias idades (incluindo bebês), e em todas as classes sociais, podendo ser de várias formas, como:
Relevância do Seminário
Independentemente de qual tipo seja, a violência sexual traz problemas que impactam o resto da vida de uma pessoa. São danos incalculáveis, que podem ter repercussões cognitivas, emocionais, comportamentais, físicas e sociais. Isso quando não é até mesmo fatal. Todos os dias desaparecem crianças e na maioria das vezes aparecem mortas com sinais de abusos sexuais. E por ser um assunto de grande relevância a Associação Sempre Juntos, entidade sem fins lucrativos, fundada em 06 de janeiro de 1994 e atuante no dia a dia das famílias que se encontram em extrema vulnerabilidade social, principalmente na atenção da criança e adolescente, vai realizar no dia 18 de maio um seminário o qual terá como pauta a questão da violência sexual na primeira infância.
A proposta do seminário, é destacar a data para mobilizar, sensibilizar, informar e convocar a sociedade a participar da luta em defesa dos direitos de crianças e adolescentes. É preciso garantir a toda criança e adolescente o direito ao seu desenvolvimento de forma segura e protegida, livres do abuso e da exploração sexual.
A violência sexual praticada contra crianças e adolescentes envolve vários fatores de risco e vulnerabilidade quando se considera as relações de gênero, de raça/etnia, de orientação sexual, de classe social, de geração e de condições econômicas. Nessa violação, são estabelecidas relações diversas de poder, nas quais tanto pessoas e/ou redes utilizam crianças e adolescentes para satisfazerem seus desejos e fantasias sexuais e/ou obterem vantagens financeiras e lucros.
Nesse contexto, a criança ou adolescente não é considerada sujeito de direitos, mas um ser despossuído de humanidade e de proteção. A violência sexual contra meninos e meninas ocorre tanto por meio do abuso sexual intrafamiliar ou interpessoal como na exploração sexual. Crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, por estarem vulneráveis, podem se tornar mercadorias e assim serem utilizadas nas diversas formas de exploração sexual como: tráfico, pornografia, prostituição e exploração sexual no turismo.
Queremos ressaltar a responsabilidade do poder público e da sociedade na implementação do Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, na garantia da atenção às crianças, adolescentes e suas famílias, por meio da atuação em rede, fortalecendo o Sistema de Garantia de Direitos preconizado no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal 8.069/90) e tendo como lócus privilegiado os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente no âmbito dos estados e municípios. Lembrando ainda que em 2022 também comemoramos 32 anos de criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e 22 anos de criação do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
É importante que enquanto rede possamos refletir sobre crianças e adolescentes que, por permanecerem em isolamento, muitas vezes com seu abusador (no caso da violência intrafamiliar), perderam seus laços de confiança mais comuns para a efetivação da denúncia, como professoras/es, médicas/os, cuidadoras/es, entre outros. Entendemos ainda que, com muitas crianças e adolescentes sem atividades rotineiras, a presença delas/es na internet se intensificará, e quando sem supervisão, tal presença pode ser prejudicada com o aumento do abuso e da exploração sexual pela internet. Além disso temos uma importante reflexão conjunta: “Como fazer com que os caminhos da denúncia cheguem nas crianças em isolamento, especialmente aquelas que não possuem acesso às novas tecnologias?”.
Com o seminário, apontamos e colhemos respostas, uma vez que o público alvo foram pessoas que de forma direta atuam na primeira infância. Não se pode descartar que quanto mais as instituições tiverem acesso a informações, maior a possibilidade de identificação e solução do problema. É coerente pensar que um problema social como este, “o abuso sexual infantil”, é algo que está longe de ser solucionado, mas o processo de identificação é um meio facilitador para a contribuição de casos virem à tona.